quarta-feira, setembro 03, 2008
Assassínio no Parque
A paisagem do parque não deixava antever os acontecimentos seguintes - um ambiente calmo, relaxante, ideal para uma caminhada, principalmente para um grupo de amigos que tinha em comum o gosto pela natureza.
Um tiro acaba com a harmonia, matando um homem e espantando os pássaros. E o inspector Collins que não tem uma explicação óbvia para um crime tão hediondo. Seria um acto solitário de um louco sem motivos ou existiram razões desconhecidas para que um homem acabasse a sua vida a jazer inerte no manto de folhas do parque?
Ellery Queen é um dos heterónimos colectivos criado em 1929 pelos primos Frederic Dannay e Manfred B. Lee, dois prolíficos escritores norte americanos de romances policiais. É também, ao mesmo tempo, um personagem fictício dos romances produzidos por aqueles autores.
Frederic Dannay e Manfred B. Lee eram primos e nasceram ambos na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos da América, em 1905. Na verdade, mesmo estes são pseudónimos, uma vez que os seus nomes originais são, respectivamente, Daniel Nathan e Maniord Lepofsky. Dannay e Lee conceberam Ellery Queen como um autor que resolvia mistérios e os relatava por escrever romances. Assim, tornava-se uma espécie de personagem que imita os seus próprios autores. Foi criado para um concurso literário, num romance intitulado The Roman Hat Mystery, em 1929, e as suas aventuras foram publicadas por um período de 42 anos. A criação de heterónimos e pseudónimos, incluindo Ellery Queen, autor e personagem que imitava a vida dos seus próprios criadores por ser ele mesmo um escritor de romances policiais, acabou por confundir os leitores. Durante muito tempo, o público acreditava que Ellery Queen seria realmente um escritor verídico e não apenas um heterónimo e, mais ainda, de duas pessoas.
Os dois autores eram também especialistas na pesquisa histórica do género policial, publicando inúmeras colecções e antologias de contos policiais, tal como The Misadventures of Sherlock Holmes. A antologia com quase mil páginas, intitulada 101 Years' Entertainment, The Great Detective Stories, 1841-1941, tornou-se uma obra de referência, mantendo-se nas livrarias por muitas décadas. Foram ainda os co-fundadores da associação Mystery Writers of America.
Este romance inicial estabeleceu a fórmula básica das aventuras seguintes. Ellery Queen é um detective e escritor com um grande poder de observação e dedução, um misto de Sherlock Holmes e Dr. Watson. Mas, assim como Holmes precisava de Watson, Ellery precisava do pai, o Inspector Richard . Outro personagem é Sergeant Velie, o irascível assistente do Inspector Queen. Outros condimentos são um crime incomum, uma série complexa de pistas, e aquilo que viria a tornar-se a parte mais famosa dos romances: "Ellery's Challenge to the Reader" (O Desafio de Ellery ao Leitor). Tratava-se de uma única página, próxima do fim do livro, informado que, naquela parte específica do romance, o leitor já possuía todas as pistas na posse de Ellery, desafiando-o a tentar resolver o mistério antes da leitura do restante da obra.
Quando uma revista da época estabeleceu um prémio para a melhor obra de estreia no género policial, os primos Frederic Dannay e Manfred B. Lee, ambos escritores, decidiram criar um heterónimo colectivo com o mesmo nome da personagem que haviam criado. Apesar de terem vencido o concurso, o romance não chegou a ser publicado na revista uma vez que esta havia sido vendida a novos proprietários. Assim, os primos resolveram levar este primeiro romance a outros editores resultando na publicação da primeira aventura do Detective Ellery Queen, intitulada The Roman Hat Mystery.
A personagem Ellery era, ele mesmo, um escritor de romances policiais, presunçoso, educado em Harvard, com uma fortuna considerável dedicando-se à pesquisa policial simplesmente por considerar a resolução de crimes uma actividade intelectualmente estimulante. Estas características eram herdadas da mãe, a filha de um rico aristocrata nova iorquino que casou com o Inspector Queen, um irlandês de origens humildes. No entanto, ao se iniciarem as histórias de Ellery, a sua mãe já havia morrido. Apesar da sua atitude arrogante e presunçosa, retratada nos romances iniciais, a partir do livro Calamity Town, publicado em 1940, Ellery torna-se mais humano e várias vezes chega a ficar emocionalmente afectado pelas pessoas com quem se cruza nos seus casos. No entanto, nas suas últimas obras, Ellery torna-se uma pessoa quase sem personalidade, cujo papel é meramente o de solucionar os mistérios apresentados.
As aventuras de Ellery Queen foram levadas à rádio, ao cinema e à televisão. A primeira de uma série de longas metragens sobre o detective, foi o filme intitulado Ellery Queen, Master Detective.
Dannay e Lee criaram também a Ellery Queen's Mystery Magazine, em 1941, revista que publicou o que havia de melhor em ficção policial na época, ainda hoje considerada uma das melhores do género, durante o Século XX. Outros escritores escreveram para Ellery Queen. Talmage Powell e Richard Deming escreveram a serie de Tim Cornagan. Outros romancistas anónimos também escreveram para Ellery Queen e Barnaby Ross, outro dos pseudónimos dos primos escritores.
O romance inicial estabeleceu a fórmula básica das aventuras seguintes. Ellery Queen é um detective e escritor com um grande poder de observação e dedução, um misto de Sherlock Holmes e Dr. Watson. Mas, assim como Holmes precisava de Watson, Ellery precisava do pai, o Inspector Richard . Outro personagem é Sergeant Velie, o irascível assistente do Inspector Queen. Outros condimentos são crimes incomuns, uma série complexa de pistas, e aquilo que viria a tornar-se a parte mais famosa dos romances: "Ellery's Challenge to the Reader" (O Desafio de Ellery ao Leitor). Tratava-se de uma única página, próxima do fim do livro, informado que, naquela parte específica do romance, o leitor já possuía todas as pistas na posse de Ellery, desafiando-o a tentar resolver o mistério antes da leitura do restante da obra.
Os romances de Queen são o exemplo clássico das histórias policiais em que se tenta encontrar o autor do crime, marcando aquela que se veio a tornar a época áurea das obras policiais. Todas as pistas são dadas ao leitor, dessa forma tornando a leitura um verdadeiro desafio intelectual. No livro The Greek Coffin Mystery, de 1932, são propostas soluções múltiplas para o mistério, particularidade que veio a ser retomada em romances posteriores, nomeadamente Double, Double e Ten Days' Wonder. A típica "falsa solução, seguida pela verdadeira" veio a tornar-se uma marca distintiva dos mistérios de Ellery.
Em 1932, os primos criaram um outro herói, mais um detective fictício, Drury Lane, sob o pseudónimo Barnaby Ross. Este outro detective era mais teatral do que Ellery. Durante a década de 30, do Século XX, "Ellery Queen" e "Barnaby Ross" chegaram mesmo a realizar uma série de debates públicos, sendo que cada um dos primos encarnava um dos detectives, ambos usando máscaras para manter o anonimato.
Após o sucesso cinematográfico de Ellery, tanto o escritor como o seu personagem começaram a sofrer mudanças, introduzindo-se mais elementos psicológicos e temas mais introspectivos. O "Desafio ao Leitor" deixou de ser publicado. Apesar de alguns romances das décadas posteriores serem considerados clássicos, especialmente Calamity Town e Cat of Many Tails (um dos primeiros romances a incluir um serial killer, ou assassino em série), alguns criticaram a combinação de elementos religiosos com os métodos policiais, considerando essa experiência desastrada e pretensiosa. Vários dos últimos romances atribuídos a Ellery Queen foram na verdade escritos por escitores-fantasma ou anónimos, tais como Theodore Sturgeon e Avram Davidson.
Já no final das suas carreiras, os primos Frederic Dannay e Manfred B. Lee publicaram outros romances, alguns da sua autoria, outros escritos por escritores anónimos, lançados sob o nome de Ellery Queen, apesar do personagem com o mesmo nome não surgir no enredo das obras. Entre elas estão três romances protagonizados pelo personagem Mike McCall e intituladas The Campus Murders, em 1969, escrita por Gil Brewer, The Black Hearts Murder, de 1970, escrita por Richard Deming e The Blue Movie Murders, de 1972, escrita por Edward D. Hoch. O bem conhecido autor de ficção científica Jack Vance também escreveu três destes livros de Ellery, incluindo o claustrofóbico A Room to Die In.
Os dois primos, sob o seu pseudónimo colectivo, Ellery Queen, receberam o Grand Master Award pela excelência na área do romance de mistério policial, atribuído pelo Mystery Writers of America em 1961.
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