sexta-feira, julho 11, 2008

A Caixa da Borboleta - Santa Montefiore

A mágica caixa de uma antiga princesa inca. Escritor e fotógrafo, o pai de Frederica traz de uma das suas muitas viagens pelo mundo um presente especial. A filha adora-o, e quando os pais se separam aquela será a única recordação do pai. A menina torna-se mulher, mas será sempre ao passado que irá buscar as suas melhores memórias. É contudo quando se apaixona pela primeira vez e sente a força do amor, mas também a dor da perda, que entende o significado daquela mágica caixa com o desenho de uma borboleta. Um intenso e delicado romance a levar-nos do Chile à Cornualha. Um dos mais aplaudidos romances de Santa Montefiore.


«Refrescante, imaginativo, elegante, delicado. Uma escrita maravilhosa.»
Daily Mail

Ramon precisa de viajar pelo mundo. Quando conheceu a mulher, Helena, ela sabia da sua paixão e seguia-o nas suas aventuras. Com o nascimento dos filhos tudo se altera. Helena fica no Chile enquanto o marido continua as suas explorações pelo mundo. A quem não parece incomodar a ausência do pai é a Frederica, a sua filha. Aguarda-o a cada viagem com igual entusiasmado, ansiosa por ouvir as suas histórias e descobertas. No regresso de mais uma das suas incursões pelo Peru, Ramon oferece à filha uma caixa com pedras incrustadas em forma de borboleta. Aquele caixa, assim conta à filha, teria pertencido a uma princesa inca... Frederica fica encantada com o presente.

A distância cresceu contudo entre os pais e Helena decide regressar com os filhos à Cornualha, na Inglaterra. Frederica não se conforma. Muito ligada ao pai guarda a caixa da borboleta que ele lhe ofereceu como um dos seus mais queridos objectos. Em Inglaterra tem de se adaptar a uma nova vida, mas, já só mulher, descobre o verdadeiro segredo daquele presente. Descobrindo o amor e a perda, a jovem Frederica embarca numa viagem de auto descoberta. Ou se afunda na tristeza, ou se ergue mulher, inteira, mais forte do que nunca.

História de amor, perda e transformação vivida entre a paisagem chilena as zonas rurais de Inglaterra. Depois d’ «A Árvore dos Segredos», este romance confirma Santa Montefiore como uma das mais apaixonantes romancistas da actualidade.



Replantamos amores ao longo da vida.
As árvores ficam onde estão. Olham o mundo, os homens, as suas paixões e conflitos não abandonando as raízes que as prendem ao lugar onde nasceram. O oposto acontece com o coração humano. Vagueia, desenraíza-se. Santa Montefiore, escritora inglesa de ascendência argentina, escreve com a emoção de quem amou, perdeu e voltou a encontrar o amor. Natural de Winchester, Inglaterra, onde nasceu no ano de 1970, viajou pela primeira vez até à terra da avó materna com 19 anos de idade. Foi essa terra (de pôr de sol rosado e aroma a gardénias) que lhe mudou a vida. Em 2001 escreveu o seu primeiro romance, «A Árvore dos Segredos». Lia então, confessa, García Márquez. Existe nos seus livros uma força de vida e uma capacidade narrativa dos lugares e das pessoas que nos envolve da primeira à última página. O Círculo de Leitores edita os seus melhores romances: «A Caixa da Borboleta», «Uma Sonata de Amor», «A Andorinha e o Colibri», «A Última Viagem do Valentina», «A Virgem Cigana».

Círculo de Leitores (CL) - Existe um elemento de transformação em todos seus romances.
Santa Montefiore (SM) - Acredito que as pessoas são moldadas pela vida, os que não se transformam não adquirem sabedoria pela experiência, permanecem apenas no hábito e na rotina. Estamos aqui para crescer e evoluir e faço questão de o demonstrar nos meus livros.

CL - Em oposição a essa ideia de movimento, descreve no primeiro dos seus romances, «A Árvore dos Segredos», a serena imobilidade de uma árvore.
SM - Essa árvore, uma Ombu, é a única árvore indígena nas Pampas, na Argentina. Simboliza a protagonista, Sofia, e o seu sentimento de pertença. No final, quando ela parte, Sofia leva um pedaço daquela árvore. O facto de esse pedaço de árvore medrar em Inglaterra mostra como ela assentou naquele país as suas novas raízes deixando para trás o passado.

CL - Apesar do protagonismo de Sofia Melody, devo confessar que me apaixonou a sua mãe – Anna Melody, uma irlandesa que casa com um argentino.
SM - Sim, também adoro a personagem de Anna Melody. Ela é, afinal, o perfeito exemplo de como podemos mudar, de como a vida pode tornar-nos amargos e azedos. Não é uma personagem baseada em alguém de concreto, deixei-a crescer à medida que escrevia. Anna não pertence à Argentina e sente raiva da filha, Sofia, por ela estar tão enraizada na terra do pai. No entanto quando, vinte e seis anos depois, Sofia regressa a casa é já Anna que sente fazer parte do rancho, e é a filha quem perde esse sentimento de pertença a um lugar. «A Árvore dos Segredos» é romance sobre o sentimento de pertença.

CL - Segue um método de escrita?
SM - Cada livro é diferente. «A Árvore dos Segredos» inspira-se na minha própria relação de amor com a Argentina, por isso sabia que precisava de duas personagens que se amassem, deixassem, e voltassem a reencontrar-se. O tema era a perda e a solidão. No caso de «A Caixa da Borboleta» tive de me sentar e pensar no queria escrever. Decide então explorar um tipo de amor possessivo, que sempre me pareceu muito destrutivo. Comecei com a imagem de Frederica no seu quarto e deixei a imaginação fluir. «Uma Sonata de Amor» é baseado na história de amor vivida por alguém que me é próximo. Tem lugar em Hurlingham porque ainda sentia necessidade escrever sobre a América do Sul, e a minha avó tinha vivido nessa cidade, naquele época. «A Andorinha e o Colibri» foi na verdade uma ideia do meu marido, o historiador Simon Sebag Montefiore. Foi ele quem pensou na analogia de dois pássaros feridos: um, o colibri, levanta-se a custo e segue em frente; a andorinha cuida da sua ferida por anos a fio não voltando a conseguir voar. Depois dos primeiros quatro livros mudei o cenário dos meus romances para a Europa e decidi adicionar algum mistério ao enredo, o que é um pouco mais complexo, mas um excelente desafio. Editei então «A Última Viagem do Valentina», «A Virgem Cigana». Como escritora estou sempre a tentar fazer algo de diferente. Escrevo por prazer e não me permito o aborrecimento!

CL – Apesar da mudança de cenário que refere, a sua narrativa é rica em cristalinas descrições dos lugares, cheia de sons, cheiros, aromas, texturas.
SM - Escrevo sobre os lugares que conheço e amo, baseio-me na minha experiência. Enquanto escrevia «A Árvore dos Segredos» devo confessar que li «O Amor nos Tempos de Cólera». A sua leitura ensinou-me a criar um sentido de espaço através dos cinco sentidos. É afinal através dos sentidos que nos lembramos dos sítios onde estivemos. O aroma das gardénias, do eucalipto, o som dos grilos, o clamor dos pássaros, a sensação de uma quente brisa na pele, a visão de um rosado pôr de sol, o sabor de um vinho...

CL - Para além da memória afectiva, faz algum tipo de pesquisa?
SM - Faço alguma pesquisa mas baseio-me essencialmente naquilo que sei. Leio, falo com as pessoas – as suas histórias pessoais são por vezes a melhor das fontes. Procuro filmes que tenham lugar no tempo e espaço do romance que vou escrever e, de um maneira geral, ando sempre acompanhada da minha caneta e de um bloco de notas.

SM - Santa Montefiore viajou para a Argentina com 19 anos, mas apenas 12 anos depois escreveu «A Árvore dos Segredos». Como a influenciou essa viagem?
SM - Se não tivesse feito essa viagem não seria provavelmente hoje escritora. Foi uma viagem que marcou a minha vida de forma tão profunda que chega a ser difícil explicá-lo. Nunca tinha vivido sozinha pelo que me senti crescer. Aprendi o que era o amor, a perda. Quando regressei, um ano depois, percebi que tinha perdido algo de especial. Foi esse sentimento que me levou a escrever «A Árvore dos Segredos». A sua escrita foi quase uma catarse. Apoderou-se de mim uma tal sensação de perda que a personagem de “Sofia” me ajudou lidar com esse sentimento e no final, tal como ela, também eu consegui deixar o passado para trás.

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