«Refrescante, imaginativo, elegante, delicado. Uma escrita maravilhosa.»
Daily Mail
Ramon precisa de viajar pelo mundo. Quando conheceu a mulher, Helena, ela sabia da sua paixão e seguia-o nas suas aventuras. Com o nascimento dos filhos tudo se altera. Helena fica no Chile enquanto o marido continua as suas explorações pelo mundo. A quem não parece incomodar a ausência do pai é a Frederica, a sua filha. Aguarda-o a cada viagem com igual entusiasmado, ansiosa por ouvir as suas histórias e descobertas. No regresso de mais uma das suas incursões pelo Peru, Ramon oferece à filha uma caixa com pedras incrustadas em forma de borboleta. Aquele caixa, assim conta à filha, teria pertencido a uma princesa inca... Frederica fica encantada com o presente.
A distância cresceu contudo entre os pais e Helena decide regressar com os filhos à Cornualha, na Inglaterra. Frederica não se conforma. Muito ligada ao pai guarda a caixa da borboleta que ele lhe ofereceu como um dos seus mais queridos objectos. Em Inglaterra tem de se adaptar a uma nova vida, mas, já só mulher, descobre o verdadeiro segredo daquele presente. Descobrindo o amor e a perda, a jovem Frederica embarca numa viagem de auto descoberta. Ou se afunda na tristeza, ou se ergue mulher, inteira, mais forte do que nunca.
História de amor, perda e transformação vivida entre a paisagem chilena as zonas rurais de Inglaterra. Depois d’ «A Árvore dos Segredos», este romance confirma Santa Montefiore como uma das mais apaixonantes romancistas da actualidade.
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Replantamos amores ao longo da vida.
As árvores ficam onde estão. Olham o mundo, os homens, as suas paixões e conflitos não abandonando as raízes que as prendem ao lugar onde nasceram. O oposto acontece com o coração humano. Vagueia, desenraíza-se. Santa Montefiore, escritora inglesa de ascendência argentina, escreve com a emoção de quem amou, perdeu e voltou a encontrar o amor. Natural de Winchester, Inglaterra, onde nasceu no ano de 1970, viajou pela primeira vez até à terra da avó materna com 19 anos de idade. Foi essa terra (de pôr de sol rosado e aroma a gardénias) que lhe mudou a vida. Em 2001 escreveu o seu primeiro romance, «A Árvore dos Segredos». Lia então, confessa, García Márquez. Existe nos seus livros uma força de vida e uma capacidade narrativa dos lugares e das pessoas que nos envolve da primeira à última página. O Círculo de Leitores edita os seus melhores romances: «A Caixa da Borboleta», «Uma Sonata de Amor», «A Andorinha e o Colibri», «A Última Viagem do Valentina», «A Virgem Cigana».
Círculo de Leitores (CL) - Existe um elemento de transformação em todos seus romances.
Santa Montefiore (SM) - Acredito que as pessoas são moldadas pela vida, os que não se transformam não adquirem sabedoria pela experiência, permanecem apenas no hábito e na rotina. Estamos aqui para crescer e evoluir e faço questão de o demonstrar nos meus livros.
CL - Em oposição a essa ideia de movimento, descreve no primeiro dos seus romances, «A Árvore dos Segredos», a serena imobilidade de uma árvore.
SM - Essa árvore, uma Ombu, é a única árvore indígena nas Pampas, na Argentina. Simboliza a protagonista, Sofia, e o seu sentimento de pertença. No final, quando ela parte, Sofia leva um pedaço daquela árvore. O facto de esse pedaço de árvore medrar em Inglaterra mostra como ela assentou naquele país as suas novas raízes deixando para trás o passado.
CL - Apesar do protagonismo de Sofia Melody, devo confessar que me apaixonou a sua mãe – Anna Melody, uma irlandesa que casa com um argentino.
SM - Sim, também adoro a personagem de Anna Melody. Ela é, afinal, o perfeito exemplo de como podemos mudar, de como a vida pode tornar-nos amargos e azedos. Não é uma personagem baseada em alguém de concreto, deixei-a crescer à medida que escrevia. Anna não pertence à Argentina e sente raiva da filha, Sofia, por ela estar tão enraizada na terra do pai. No entanto quando, vinte e seis anos depois, Sofia regressa a casa é já Anna que sente fazer parte do rancho, e é a filha quem perde esse sentimento de pertença a um lugar. «A Árvore dos Segredos» é romance sobre o sentimento de pertença.
CL - Segue um método de escrita?
SM - Cada livro é diferente. «A Árvore dos Segredos» inspira-se na minha própria relação de amor com a Argentina, por isso sabia que precisava de duas personagens que se amassem, deixassem, e voltassem a reencontrar-se. O tema era a perda e a solidão. No caso de «A Caixa da Borboleta» tive de me sentar e pensar no queria escrever. Decide então explorar um tipo de amor possessivo, que sempre me pareceu muito destrutivo. Comecei com a imagem de Frederica no seu quarto e deixei a imaginação fluir. «Uma Sonata de Amor» é baseado na história de amor vivida por alguém que me é próximo. Tem lugar em Hurlingham porque ainda sentia necessidade escrever sobre a América do Sul, e a minha avó tinha vivido nessa cidade, naquele época. «A Andorinha e o Colibri» foi na verdade uma ideia do meu marido, o historiador Simon Sebag Montefiore. Foi ele quem pensou na analogia de dois pássaros feridos: um, o colibri, levanta-se a custo e segue em frente; a andorinha cuida da sua ferida por anos a fio não voltando a conseguir voar. Depois dos primeiros quatro livros mudei o cenário dos meus romances para a Europa e decidi adicionar algum mistério ao enredo, o que é um pouco mais complexo, mas um excelente desafio. Editei então «A Última Viagem do Valentina», «A Virgem Cigana». Como escritora estou sempre a tentar fazer algo de diferente. Escrevo por prazer e não me permito o aborrecimento!
CL – Apesar da mudança de cenário que refere, a sua narrativa é rica em cristalinas descrições dos lugares, cheia de sons, cheiros, aromas, texturas.
SM - Escrevo sobre os lugares que conheço e amo, baseio-me na minha experiência. Enquanto escrevia «A Árvore dos Segredos» devo confessar que li «O Amor nos Tempos de Cólera». A sua leitura ensinou-me a criar um sentido de espaço através dos cinco sentidos. É afinal através dos sentidos que nos lembramos dos sítios onde estivemos. O aroma das gardénias, do eucalipto, o som dos grilos, o clamor dos pássaros, a sensação de uma quente brisa na pele, a visão de um rosado pôr de sol, o sabor de um vinho...
CL - Para além da memória afectiva, faz algum tipo de pesquisa?
SM - Faço alguma pesquisa mas baseio-me essencialmente naquilo que sei. Leio, falo com as pessoas – as suas histórias pessoais são por vezes a melhor das fontes. Procuro filmes que tenham lugar no tempo e espaço do romance que vou escrever e, de um maneira geral, ando sempre acompanhada da minha caneta e de um bloco de notas.
SM - Santa Montefiore viajou para a Argentina com 19 anos, mas apenas 12 anos depois escreveu «A Árvore dos Segredos». Como a influenciou essa viagem?
SM - Se não tivesse feito essa viagem não seria provavelmente hoje escritora. Foi uma viagem que marcou a minha vida de forma tão profunda que chega a ser difícil explicá-lo. Nunca tinha vivido sozinha pelo que me senti crescer. Aprendi o que era o amor, a perda. Quando regressei, um ano depois, percebi que tinha perdido algo de especial. Foi esse sentimento que me levou a escrever «A Árvore dos Segredos». A sua escrita foi quase uma catarse. Apoderou-se de mim uma tal sensação de perda que a personagem de “Sofia” me ajudou lidar com esse sentimento e no final, tal como ela, também eu consegui deixar o passado para trás.
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