Leonardo Bazán, escritor, regressa a casa dos pais numa madrugada de 2010 quando testemunha, por acidente, um assalto à casa vizinha. Não é um assalto vulgar, pois é perpetrado por um grupo de crime organizado de que fazem parte agentes das forças da autoridade. Mas o que mais perturba o escritor é a recordação de um assalto de contornos semelhantes, ocorrido naquela mesma casa trinta e seis anos antes, pouco tempo depois da instauração da ditadura militar que engolia a Argentina numa onda de terror galopante.
As memórias de Leonardo, à altura com 13 anos, recuperam a figura de Diana Kuperman, antiga ocupante da casa assaltada e vítima de tortura psicológica pelo poder vigente. Mais do que apenas recordar, Leonardo questiona qual terá sido o papel do pai nos acontecimentos que levaram à detenção da vizinha. Para poder entender, Leonardo começa a escrever um romance, com o objectivo de resgatar e exorcizar um passado que tudo fizera para esquecer. Talvez assim possa salvar-se da sua própria cobardia.
Pista atrás de pista, o escritor aproxima-se do mistério, ao mesmo tempo que faz uma viagem pessoal pelo medo, pela reacção à brutalidade do poder e pela memória do terror e da cobardia. Um texto tão íntimo quanto político, tão confessional quanto misterioso.
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