O mais estranho nisto tudo é que um pensamento pode andar às voltas dentro da nossa cabeça, não conseguimos deixar de estar obcecados com ele, e não quaisquer travões que possamos utilizar para estancar as coisas acerca das quais não queremos pensar mais. Numa vida normal, distraímo-nos – pegamos no jornal, saímos para dar um passeio, ligamos a televisão ou telefonamos a alguém. Podemos encher a nossa mente, enganarmo-nos, pensando que está tudo bem, que aquilo que nos tem andando a assombrar já está resolvido. É claro que não funciona durante muito tempo – uma hora, duas, se tivermos sorte – porque ninguém é assim tão estúpido e porque estas coisas voltam sempre quando estamos mais uma vez inactivos e sem distracções: nas tardias e escuras horas da madrugada, ou quando estamos a ser impelidos para um estado vazio de pensamentos num autocarro.
Um excerto do livro que eu estou ler, “Depois de tu Partires” – Maggie O’ Farrell
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